O violoncelo e o contrabaixo, grandes cúmplices na execução da música orquestral, em que partilham normalmente o registo grave, tiveram ao longo dos séculos compositores que quiseram demonstrar as suas possibilidades, em duo, na música de câmara.
O duo de violoncelo e contrabaixo é uma combinação instrumental invulgar. O repertório não é abundante, as exigências de virtuosismo técnico são temíveis e a associação tímbrica dos dois instrumentos mais graves da família das cordas não estaria à partida vocacionada para atrair multidões. No entanto, a versatilidade e surpreendente vigor interpretativo de Miguel Rocha e Adriano Aguiar têm invertido as expectativas. Num jogo de cumplicidades, o violoncelo e o contrabaixo revelam-nos sonoridades sublimes e exuberante vitalidade rítmica, suportadas por um repertório que vai desde Couperin a Berio. A receptividade e o sucesso obtidos pelo Duo Contracello junto do público, desde a sua formação em 1993, levaram estes instrumentistas a apostar na continuidade deste projecto. Têm actuado desde então em numerosos concertos em Portugal, França, Suíça e Estados Unidos da América.
O seu repertório, que se estende desde o séc. XVI ao séc XXI, é constantemente enriquecido com obras originais de compositores contemporâneos dedicadas a este duo. Saliente-se neste contexto a obra “Granito”, de Carlos Azevedo, estreada no Porto 2001, Capital da Cultura, dedicada ao Duo Contracello, no âmbito dos “Apoios à Actividade Musical de Carácter Profissional” do Ministério da Cultura.
Em 1996 gravou para a etiqueta Numérica um CD, com o apoio do Ministério da Cultura, com obras de Boismortier, Pleyel, Rossini, Genzmer e Delgado, disco muito bem acolhido pela crítica ao ser consensualmente considerado um dos mais interessantes discos do catálogo nacional.
No ano de 2001 são de evidenciar as actuações do Duo Contracello no Auditório do Museu de Serralves a convite do Porto 2001 e no Salão Nobre da Câmara Municipal do Funchal. |