Categoria Musical Solista(s) e Orq./Ens. e/ou Coro/Conjunto Vocal
Instrumentação Sintética Fagote e Orquestra de Cordas
Notas Sobre a Obra
O Concerto para Fagote foi composto entre Outubro e Dezembro de 2004 em intenção de Noé Cantú Garza. A sua estrutura, não obstante os três andamentos com cadência que parecem seguir o modelo clássico, é pouco usual pelas características de cada um dos andamentos. O primeiro é uma espécie de prelúdio à obra, com o fagote a "flutuar" à volta das cordas, como que improvisando, enquanto não se decide por um caminho a seguir. O som "primitivo" do registo agudo do fagote é aqui usado para criar uma atmosfera irrealista, onírica e primeva. O segundo andamento é uma marcha irónica e macabra, que serve de mola entre os dois andamentos extremos. A cadência, mais meditativa que virtuosística, surge do fundo tenebroso dos contrabaixos que sustentam longas notas. Por fim, o terceiro andamento (intitulado "preces"), tal como já os restantes haviam feito, usa fragmentos de cantos litúrgicos para criar uma atmosfera contraditória, ao mesmo tempo mística e violenta. Creio que a visão de alguns dos filmes de índole religiosa e mística da autoria de Dreyer ("Jean d'Arc", "Dia de Cólera" e "Ordet") influenciou em parte a música intensa deste andamento final (o primeiro a ser escrito), assim como o facto de o concerto ter sido dedicado às vítimas do terrorismo e da guerra em todo o mundo, impregnou a obra de uma certa melancolia e tristeza. No final, uma nota de esperança desponta porém, na forma de um inequívoco e radiante acorde de Fá Maior...