Categoria Musical Coro (a cappella)/Conjunto Vocal
Instrumentação Sintética Coro misto e orgão
Estreia
Data 2007/Jun/16
Intérpretes
Coro de Câmara da Universidade de Lisboa
David Cranmer (orgão)
José Robert (direcção)
Entidade/Evento 10º Aniversário do Coro de Câmara da Universidade de Lisboa
Local Igreja de São Roque
Localidade Lisboa
País Portugal
Notas Sobre a Obra
Em Dezembro de 2006 fui contactado pelo meu amigo José Robert, que me convidou a escrever uma peça para celebrar o décimo aniversário do Coro de Câmara da Universidade de Lisboa. Estava um belo fim de tarde, em Trás-os-Montes. Frio, com um céu cor-de-laranja projectado na silhueta feminina da Serra dos Passos, debruado no incomparável azul hialino crepuscular da minha terra. Regressava a casa de um suave passeio com a minha mãe. Vislumbrei logo o tema: materno e mariano. Chegava ali a hora de trabalhar a melodia gregoriana cheia de arroubo e fervor que minha mãe canta sempre, com tanto enlevo, no fim das suas orações: Salve Regina. Sim, ficou ali decidido, ainda não acabara a conversa com José Robert.
Mais tarde pensei acoplar ao Salve Regina, tão doce, tão optimista, um fresco inicial plangente, onde se decanta a dor materna da perda: o Stabat Mater (que já escrevera em Julho de 2006, na versão a-cappella, nunca ouvido). E assim se consumou o díptico da Dor e do Amor.
A obra é dedicada ao Coro de Câmara da Universidade de Lisboa, que me tem proporcionado momentos de plenitude. Não esqueço a admirável estreia de O que me diz a calma que vai caindo e de Angelus Domini dos meus Responsos da Lápide.
O Díptico Mariano tem quatro secções. As primeiras três constituem o Stabat Mater:
I.
Stabat Mater
II.
Eia Mater
III.
Fac ut portem
Tem algo de obsessivo, esta primeira música: um ré menor insistente, despojado, sobre uma passacaglia de dor. Nem mesmo o ré maior inicial de Fac ut portem consegue remar contra uma corrente de ar frio e desolado que sopra em todo este fresco inicial, homofónico e tenso como um mármore de Carrara.
IV.
Salve Regina (a segunda parte do díptico)
Esta é, sem dúvida, a música mais optimista e doce que achei. Projecto nela todo o amor que tenho pela Rainha das rainhas. E projecto nela também todo o amor, agora na qualidade de filho, que tenho pela minha mãe: o seu colo, a sua voz, os seus olhos extáticos, as suas mãos ogivais que projectam num céu mariano a curva gregoriana daquela antiquíssima melodia.
Eurico Carrapatoso, Olivais, 9 de Maio de 2007
Encomenda
Data 2006
Entidade Coro de Câmara da Universidade de Lisboa
Localidade Lisboa
País Portugal
Circulação
Obra
Tipo
Data
Entidade/Evento
Local
Localidade
País
Intérpretes
Observações
Inv Row
Díptico Mariano
Estreia
2007/Jun/16
10º Aniversário do Coro de Câmara da Universidade de Lisboa
Igreja de São Roque
Lisboa
Portugal
Coro de Câmara da Universidade de Lisboa
David Cranmer (orgão)
José Robert (direcção)