Data 2021/Oct/31
Intérpretes
Banda Sinfónica Portuguesa, Francisco Ferreira (direcçãon)
Entidade/Evento VIII Concurso de Composição BSP (2020)
Local Casa da Música
Localidade Porto
País Portugal
O
Eclipse da Auto-Degradação tem como base um poema de Cláudia Pires que retrata um episódio hiperbólico no qual o cenário escolhido é a noite, simbologia da solidão, da obscuridade e da melancolia do sujeito poético. É entendida a participação da Lua como portadora do suplício que é ouvir as lamentações do sujeito poético. Este revela-se, de forma bastante evidente, desprovido de qualquer compaixão ou estima próprias.
Assim sendo, a Lua, imensamente pura, acaba por partilhar da mesma decadência do sujeito poético, chegando mesmo a morrer. Arrependido pelo sofrimento que incutiu à Lua, pede-lhe perdão, numa vã tentativa, pois trata-se agora de um astro corroído.
Claro que é importante salientar que este assassinato cósmico é involuntário. O sujeito poético não calculava as consequências e o tamanho da influência dos seus desabafos. Perante tudo isto, resta dizer que o estado de espírito do sujeito poético atinge, assim, o auge da Auto-Degradação.
José Brandão · Folha de Sala · Casa da Música · 2021.10.31