Em foco

Jovens Compositores


Jovens Compositores da década dos anos 80 do século XX
editados pelo MIC.PT

O período actual na música portuguesa que já, acertadamente, se denominou como o segundo renascimento da composição em Portugal [1] é um fenómeno que certamente merece mais atenção e reflexão musicológica e crítica da parte dos investigadores e musicógrafos interessados na nova música. No entanto esta reflexão, talvez devido a alguma dificuldade da parte do meio musicológico em tomar uma posição relativamente ao que está a ser criado aqui e agora, é frequentemente reduzida e tratada de uma forma pouco destacada e aprofundada, tendo em conta a escala e importância do fenómeno.

Na sequência das emissões de Fevereiro de Música Hoje, um programa de rádio produzido pelo Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa e pela Miso Music Portugal para a Antena 2, dedicadas que foram à música de alguns compositores portugueses emergentes, neste caso nascidos na década dos anos 80 do século XX e com partituras editadas pelo MIC.PT, apresentamos os perfis de Sofia Sousa Rocha (1986), Daniel Martinho (1985), Ângela da Ponte (1984), Hugo Ribeiro (1983), Filipe Lopes (1981), Rui Penha (1981), Jonas Runa (1981), Nuno Peixoto de Pinho (1980) e Duarte Dinis Silva (1980). São estes os nove compositores Em Foco no mês de Março, cujos percursos podem servir de matéria para a reflexão sobre a actualidade musical portuguesa.
Colocando em perspectiva o trabalho destes jovens criadores, é possível traçar alguns caminhos para o futuro, não apenas no que diz respeito às implicações estéticas da música portuguesa, mas também em relação ao envolvimento institucional e sociopolítico no apoio à nova criação musical. Quais, portanto, são as principais correntes que distinguimos no trabalho destes jovens?

A nível da linguagem musical e estética destaca-se a vertente tecnológica e científica, em que a junção da criação musical com um aprofundado conhecimento científico do fenómeno sonoro e a utilização das novas tecnologias no domínio da informática musical acompanhada pelo desenvolvimento de novos softwares e instrumentos, visam explorar questões diversas e nomeadamente “novas formas de interacção entre os compositores e intérpretes”, “espacialização” ou “exploração dos fenómenos acústicos”. Este é o caso de algumas das obras de Filipe Lopes que assentam na interpretação de partituras gráficas geradas em tempo real através do software por si desenvolvido, Õdaiko; do trabalho de Jonas Runa, compositor e improvisador, que utiliza o “instrumento informático” Kyma e também de Rui Penha que desenvolveu diverso software no mesmo sentido explorando igualmente novos interfaces de expressão musical, assim como a “tradução musical” de alguns fenómenos físicos, como no caso da sua peça Pendulum que explora o fenómeno da gravidade e a interdisciplinaridade som / imagem.
A união da música com as novas tecnologias e a ciência anda muitas vezes a par com a intertextualidade, no âmbito de um diálogo, entre a música de vários compositores, com outras artes, outras culturas, com a tradição ou com o passado. Dentro desta abordagem situa-se o conceito de Dialogismo desenvolvido a nível musical por Nuno Peixoto de Pinho (em peças como Ysin, Palabras habla ou Dialogismos II) e inspirado na teoria literária do formalista russo, Mikhail Bakhtin. No mesmo espírito anuncia-se o novo projecto desenvolvido por Ângela da Ponte que assenta na procura de uma identidade pessoal e da influência da cultura açoriana na sua música. Neste trabalho a compositora revela alguma influência de Luciano Berio, na sua abordagem de apreensão dos materiais “tradicionais” e de desenhar a partir deles as suas consequências criativas.
A multiplicidade das combinações instrumentais, e ao mesmo tempo o alargamento substancial do leque instrumental, a reinvenção de formas antigas, por um lado e, por outro, a criação de formas totalmente novas a partir de conceitos inspirados em outras áreas da actividade humana (artística, científica ou quotidiana, etc.), todas estas abordagens e possibilidades estão hoje em dia ao dispor dos jovens compositores. Ora bênção, ora maldição, a liberdade criativa, a possibilidade de compreender ideias e meios de acordo com uma necessidade pessoal é hoje em dia uma realidade inquestionável.
Em peças como Carta a Kundera ou Cartas a Mia Hugo Ribeiro entra num diálogo pessoal com dois grandes escritores da literatura mundial. Como nos diz: “Gosto (...), da forma como as palavras retiradas dos seus contextos podem ter significados vários. Tento transportar esta ideia em termos musicais: qual o impacto que terá um gesto musical retirado do seu contexto formal original."[2] No caso de Sofia Sousa Rocha e da sua mini-ópera Inês morre, o libreto da autoria de Miguel Jesus constituiu o ponto de partida para a composição, num exercício de definir a identidade para a própria música associada a um determinado ambiente construído pelo texto. Por sua parte no ciclo de três peças Antologia do Tempo de Daniel Martinho assistimos à evolução gradual de formações musicais simbolicamente exprimida nos títulos – Génese para quarteto de cordas; Ritual – fluxo contínuo para ensemble de 17 instrumentos; e Apogeu para orquestra; enquanto que na música de Duarte Dinis Silva encontramos inspirações extramusicais, como é o caso da peça Paralelus II, cuja temática alude à agitação dos grandes centros urbanos.

Novas tecnologias, fenómenos acústicos e científicos, intertextualidade, envolvimento político ou até tradução de gestos físicos em gestos musicais – estas são algumas das linhas de força do trabalho dos nove jovens compositores editados pelo MIC.PT e nascidos na década dos anos 80 do século XX. Certamente que os seus percursos constituem um bom exemplo da riqueza que hoje em dia existe no panorama actual da música de arte portuguesa, contudo, para ter uma imagem mais completa seria necessário acrescentar aqui vários outros nomes da mesma geração.
Ligados aos centros musicais no norte (Porto, Aveiro e Braga), e centro-sul (Lisboa e Évora), ou desenvolvendo o seu trabalho no estrangeiro, os jovens compositores portugueses, pela qualidade e variedade do seu trabalho criativo, merecem certamente mais atenção não apenas da parte do meio musicológico no âmbito da reflexão crítica, mas também por parte institucional do estado, que por razões “enigmáticas” não reconhece nem valoriza a sua criação como parte significante do património cultural português.

Por ocasião deste Em Foco de Março, apresentamos a seguir as notas biográficas dos nove jovens compositores, nascidos na década de 80 do século XX, e cujas partituras são editadas pelo Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa:

Sofia Sousa Rocha

Sofia Sousa Rocha nasceu em 1986, na cidade de Braga onde iniciou os seus estudos musicais aos sete anos com aulas de piano, ingressando aos onze anos no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga. Em 2004 entrou no Curso de Composição na Escola Superior de Música de Lisboa onde estudou com Christopher Bochmann, Luís Tinoco, Carlos Caires e Carlos Marecos.
Teve obras encomendadas pela Antena 2 para o Prémio Jovens Músicos de 2008, pelo Festival de Música de Alcobaça em 2009 e pelo Festival Música em Leiria no ano passado. Participou ainda no 2.º Atelier de Leitura da Orquestra do Algarve com a peça Papagaio sem penas, no 7.º Workshop da Orquestra Gulbenkian para Jovens Compositores Portugueses com a peça Um e um, e em 2009 e 2010 nos Concertos do Coro Ricercare e da Sinfonietta de Lisboa dedicados a Jovens Compositores Portugueses, com as peças Branco em branco e Sossego, só sossego.
Em Março de 2012 apresentou a sua mini-ópera Inês morre, no Teatro Nacional de São Carlos, integrada no ciclo Amor-Traição-Morte. Esta obra baseia-se na peça do mesmo título de Miguel Jesus, da qual este autor extraiu um libreto com orientação reflexiva e onírica. “Associar música e texto”, diz a compositora, “permite orientar a ideia musical para um determinado ambiente construído pelo texto. Desta forma, a construção das linhas melódicas para as personagens de Inês morre dirigiu a criação do gesto, da harmonia, do ritmo e de todos os outros aspectos envolvidos no acto de compor, influenciando de forma decisiva o discurso da obra. A estrutura de Inês morre teve como fio condutor o próprio texto.”[3]
Recentemente Sofia Sousa Rocha concluiu o mestrado em Música na ESML, sob orientação de António Pinho Vargas e actualmente lecciona no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga e na Companhia da Música.

Sofia Sousa Rocha no YouTube
Homenagem a Berio (2003), peça electroacústica

Daniel Martinho

Daniel Martinho nasceu em 1985 em Vila Nova de Gaia. Ingressou em 2006 na ESMAE no Porto, onde concluiu o curso de Composição e teve a oportunidade de trabalhar com Carlos Guedes, Dimitris Andrikopoulos, Eugénio Amorim e Fernando C. Lapa. Ainda na ESMAE frequentou seminários e aulas particulares com Klaas de Vries, Magnus Lindberg, Jonathan Harvey, Helmut Lachenmann, Vic Hoyland e Ricardo Climent. Posteriormente, integrou o mestrado em Composição e Teoria Musical na mesma instituição.
Em 2010 Daniel Martinho foi nomeado Jovem Compositor Residente da Casa da Música, tendo sido estreadas duas obras: Antologia do Tempo 2. Ritual – fluxo contínuo pelo Remix Ensemble Casa da Música sob a direcção de Peter Rundel e Antologia do Tempo 3. Apogeu pela Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música dirigida por Pedro Neves. Como diz Daniel Martinho sobre este ciclo: “A Antologia do Tempo tem o seu nascimento simbolizado musicalmente num quarteto de cordas (Génese), seguindo-se um ritual de continuidade (Ritual – fluxo contínuo) representado por um ensemble (Remix Ensemble Casa da Música). Apogeu, escrita para orquestra (Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música), conclui este tríptico, remetendo para o culminar de uma composição musical que vai no sentido da sua revisão e adaptação contínua. Com efeito, tal como a construção musical pretende ilustrar a continuidade da evolução, também as formações musicais se alargam em cada peça.”[4]
Paralelamente ao seu trabalho como compositor, Daniel Martinho exerce actividade docente leccionando as disciplinas de Teoria e Análise Musical, Introdução à Composição e Técnicas de Composição. É também professor de Guitarra Clássica e escreve ainda música para teatro, bem como arranjos e orquestrações para diferentes formações instrumentais.

Daniel Martinho no YouTube
Composição VII (2009), peça electroacústica

...para um Prelúdio... (2011), para 10 trombones e 2 tubas
Mr SC & The Wild Bones Gang

- Breathe... (2012), para clarinete baixo e electrónica em tempo real
Hugo Queirós – clarinete baixo

Ângela da Ponte

Ângela da Ponte nasceu em 1984 nos Açores. Licenciada em Composição pela ESMAE no Porto, é actualmente professora assistente na Universidade de Birmingham onde está a realizar um doutoramento sob a orientação de Jonty Harrison e Michael Zev Gordon.
Trabalhos com maior destaque incluem a sua participação no 8.º Workshop da Orquestra Gulbenkian para Jovens Compositores Portugueses, onde estreou a peça EKIS III e posteriormente no mesmo ano foi seleccionada no Labjovem, concurso para jovens criadores açorianos, com a peça Circus para multipercussão. Enquanto Jovem Compositora Residente da Casa da Música compôs uma obra para a Orquestra Sinfónica do Porto dirigida por Michael Sanderling (La Mer Soulevée), uma outra para o Remix Ensemble sob a direcção de Emílio Pomàrico (Kras en Momentum) e também para o percussionista Nuno Simões (La Fontaine Rouge), vencedor do Prémio Jovens Músicos 2010. Os projectos de 2012 incluem a sua colaboração com o tubista Sérgio Carolino; composição da canção Espremendo a Laranja para o projecto 3'30'' Percussive Sung Songs com Nuno Aroso e Rita Redshoes; assim como o projecto 21 KHz do qual é cofundadora juntamente com Dimitris Andrikopoulos.
Assim fala Ângela da Ponte sobre o seu trabalho: “A minha música escreve-se a partir de uma ideia metafórica / simbólica. O conceito baseia-se sempre numa narrativa que é escrita antes de elaborar o mundo sonoro e que me ajuda na criação da forma global da peça e do discurso musical. A partir daí preocupo-me mais com o sentido gestual (...), que depois será traduzido em valores rítmicos, escolha de estruturas harmónicas / melódicas, timbre e articulações.”[5]
Neste momento Ângela da Ponte está a dedicar-se à escrita de várias obras que farão parte do seu projecto de doutoramento. Essas peças têm todas como base o uso de canções tradicionais açorianas, mas igualmente algumas gravações à volta da viola da terra com o intuito de explorar a sua sonoridade e técnica.

Ângela da Ponte no YouTube
Circus (2008), para percussão
Rui Silva – percussão

Retratos da Crise (2012)
21 KHz – Ângela da Ponte e Dimitris Andrikopoulos

Site oficial de Ângela da Ponte: adaponte.wordpress.com

Hugo Ribeiro

Hugo Ribeiro nasceu em 1983 em Lisboa e iniciou os seus estudos musicais no Conservatório de Música Dom Dinis em Odivelas. Terminou o curso de Composição na Escola Superior de Música de Lisboa com Luís Tinoco, António Pinho Vargas e Christopher Bochmann. Em 2007 concluiu o mestrado em Composição na Royal Academy of Music em Londres com Simon Bainbridge e Paul Patterson. Mais recentemente, doutorou-se pela Canterbury Christ Church University e actualmente está a frequentar um mestrado em Direcção de Orquestra na Universidade de Montreal com os professores Jean-François Rivest e Paolo Bellomia.
Entre as várias apresentações públicas da sua obra, destacam-se as interpretações de Carta a Kundera no Festival Listen to the World! 2009 na Suécia pelo Ensemble Gageego! dirigido por Pierre-André Valade; a estreia da obra Inventio no Festival Música Viva 2009 interpretada pela Orquestra Gulbenkian dirigida por Pedro Amaral; a estreia da ópera Os mortos viajam de metro no Teatro São Luiz em Lisboa em Abril de 2010 pela Orquestra Sinfónica Portuguesa sob a direcção de João Paulo Santos; e a interpretação da peça et alibi no 2.º Fórum Internacional para Jovens Compositores do Sond’Ar-te Electric Ensemble sob a direcção de Guillaume Bourgogne.
Se por um lado cada obra de Hugo Ribeiro apresenta um problema composicional distinto, por outro o compositor dá importância às questões de simetria tanto no que diz respeito a construção dos intervalos e acordes como no plano formal. Como nos diz no Questionário / Entrevista publicado em Junho do ano passado na secção Em Foco do mic.pt: “O meu processo composicional varia de peça para peça, consoante aquilo que ela requer, e dependente da minha posição geográfica e das ferramentas que tenho em mãos. Escrever uma peça em Montreal é diferente do que escrever uma peça em Odivelas, em Londres, ou em Canterbury, (...). O café matinal sabe diferente, os parques e as caminhadas são diferentes, a motivação para compor música é diferente.”[6]

Hugo Ribeiro no YouTube
Paisagem cor de ferrugem (2007), para piano e orquestra
Tadashi Imai – piano
Royal Academy of Music Orchestra
Christopher Austin – maestro

Site oficial de Hugo Ribeiro: hugoribeiro.pt

Filipe Lopes

Nascido em Março de 1981 Filipe Lopes, compositor, intérprete e investigador, no seu trabalho engloba música instrumental e electrónica, assim como composições para teatro, filme e dança.
Em 2003 ingressou na ESMAE no Porto onde frequentou as classes dos professores Luís Tinoco, Fernando C. Lapa, Dimitris Andrikopoulos, Clarence Barlow e Carlos Guedes. Em 2007 foi Compositor-Residente no Laboratório Electroacústico de Criação da Miso Music Portugal, assim como finalizou o bacharelato em Composição na ESMAE com o foco na música electrónica e new media. Em 2009 terminou o mestrado em Sonologia no Instituto de Sonologia do Conservatório Real de Haia, onde trabalhou com Paul Berg, Kees Tazelaar e Joel Ryan.
Desde então desenvolveu vínculos fortes com a música electroacústica e com os meios digitais de expressão artística; o seu mestrado materializou-se na criação do software de geração de partituras em tempo real, Õdaiko. Desde 2007 tem colaborado com o Serviço Educativo da Casa da Música, tendo sido membro do Factor E e curador do projecto Digitópia. Presentemente é bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia a prosseguir o seu doutoramento em Media Digital na Universidade do Porto e Universidade do Texas em Austin, sob a orientação de Carlos Guedes e Bruce Pennycook, dentro da área de investigação que inclui som, espaço e identidade.
Em Outubro do ano passado Filipe Lopes recebeu o 1.º Prémio da European Competition for Live Electronic Music Projects com a peça Do Desenho e do Som #3, versão para harpa e live electronics que assenta na interpretação de uma partitura gráfica gerada em tempo real e que foi composta e improvisada em colaboração com o harpista Remy van Kesteren. Depois da criação do Õdaiko no âmbito do seu mestrado Filipe Lopes continua a investigação nesta matéria, particularmente no âmbito das possibilidades de compor a música em tempo real com uma certa quantidade de controle. “Atrai-me muito a hipótese de induzir gestos musicais, controlar as densidades e o desenvolvimento rítmico, portanto [esculpir] a forma musical. Sendo muito diferente da música escrita de maneira fixa e tradicional, a criação de partituras gráficas com o uso do software pode provocar novas e interessantes interacções entre os compositores e intérpretes.”[7]

Site oficial de Filipe Lopes: filipelopes.net

Rui Penha

Nascido em 1981, Rui Penha é compositor e intérprete da música electrónica em tempo real. Estudou Cravo no Conservatório de Música do Porto e Piano no Curso de Música Silva Monteiro, tendo em 2006 concluído o curso de Ensino da Música – Composição na Universidade de Aveiro. Entre os compositores que orientaram o seu ensino destacam-se João Pedro Oliveira, Sara Carvalho, Emmanuel Nunes, Brian Ferneyhough, Helmut Lachenmann, Flo Menezes, Martijn Padding e Louis Andriessen.
Em 2003 Rui Penha venceu o 1.º Prémio Nacional de Composição Jorge Peixinho e em 2004 obteve uma Menção Honrosa no Concurso Internacional de Composição Música Viva. Foi seleccionado, nas edições de 2004 e 2005, para o Workshop Orquestra Gulbenkian para Jovens Compositores Portugueses e para o Young Composers' Meeting 2007 nos Países Baixos.
A sua música tem sido apresentada em vários festivais e salas de concerto na Europa na interpretação de formações e músicos como Nuno Aroso, Pedro Carneiro, o Quarteto Arditti, o Sond’Ar-te Electric Ensemble, o Remix Ensemble Casa da Música, orkest de ereprijs e a Orquestra Gulbenkian. Em 2011, através da candidatura oficial da Miso Music Portugal à International Society for Contemporary Music, a sua peça ex nihilo foi seleccionada para ser interpretada pelo biNg bang Percussion Ensemble durante o Festival World New Music Days em Zagreb.
Adicionalmente à composição autónoma, Rui Penha exerce actividade no âmbito da música para cena e multimédia, tendo composto bandas sonoras para filmes, televisão, rádio e instalações interactivas. Desenvolve intensa actividade no domínio da tecnologia da música, com ênfase no desenvolvimento de software e na concepção de novos interfaces de expressão musical. Foi fundador e curador do projecto Digitópia na Casa da Música e presentemente é docente em várias instituições de ensino superior portuguesas estando a finalizar o seu doutoramento em Composição.

Rui Penha no YouTube
Calcinatio (2005), para soprano, ensemble instrumental, electrónica em tempo real e vídeo
Momentum Ensemble
Rui Penha – maestro

Site oficial de Rui Penha: ruipenha.pt

Jonas Runa

Jonas Runa, nascido em 1981, é compositor, improvisador e musicólogo. Estudou Física e Matemática no Instituto Superior Técnico, e em simultâneo o curso de conservatório de Violino, com Leonor de Sousa Prado. Licenciou-se em Sonologia pelo Instituto de Sonologia do Conservatório Real de Haia, tendo sido associado aos compositores Gottfried Michael Koenig, Konrad Boehmer e Clarence Barlow.
Em 2007, juntamente com Jorge Lima Barreto, criou o duo Zul Zelub, proposta conceptual experimentalista para piano e computer music, inspirada numa teoria da filosofia da música inventada por ambos: a energia musical irrealizada. Apoiando-se na forma aberta, na indeterminação, na intuição e improvisação, este campo conceptual explora tudo o que antecede a criação musical, todos os gastos de energia criativa que não encontraram ainda materialização concreta. Esta abordagem é o fundamento conceptual do primeiro disco de Zul Zelub, de título homónimo, e do disco Ultimaton.
Jonas Runa realizou diversos concertos com o músico, filósofo e xamã, Spiridon Shishigin, um dos maiores virtuosos mundiais do Khomus (Berimbau de boca), sendo nomeado representante da cultura siberiana e da música de Khomus em Portugal. Utiliza o instrumento Kyma X: simultaneamente hardware / software e uma das mais avançadas linguagens de programação de som existentes actualmente. Compõe música para instrumentos orquestrais tradicionais, com ou sem electrónica, e também para instrumentos não convencionais (Sagres, música para 8 apitos de mestre e Kyma, uma peça apresentada a bordo do navio Sagres, no dia dos seus 75 anos), colaborando em projectos pluridisciplinares com Clara Andermatt (Dez Mil Seres, Fica no Singelo e Dance Bailarina Dance!) ou Joana Vasconcelos. Actualmente está a terminar um dos primeiros doutoramentos em Música Informática em Portugal, com a tese, Estéticas da música informática: a energia musical irrealizada.

Jonas Runa no SoundCloud: soundcloud.com/jonas-runa

Nuno Peixoto de Pinho

Nuno Peixoto de Pinho, compositor nascido em 1980, em 2003 ingressou no Curso Superior de Composição da ESMAE e desde então trabalhou com os compositores Cândido Lima, Fernando C. Lapa, Dimitris Andrikopoulos, Carlos Guedes, Eugénio Amorim e Eneko Vadillo Perez.
As suas obras foram apresentadas em diversos locais e eventos, como o festival Black and White, o festival Peças Frescas, assim como o Centro Cultural Vila Flor em Guimarães e o Teatro Helena Sá e Costa no Porto. Em 2009, a sua obra para orquestra This is not a poem foi a vencedora do 4.º Concurso Internacional de Composição da Póvoa de Varzim. No âmbito da música electroacústica e mista apresentou os seus trabalhos no Festival Internacional de Curtas Metragens do Porto, no ciclo de concertos Doenças Digitais e em 2007 a peça Atzira no Festival Música Viva. Entre Julho e Agosto de 2008 foi Compositor-Residente no Laboratório Electroacústico de Criação da Miso Music Portugal. Participou no 2.º Fórum Internacional para Jovens Compositores do Sond’Ar-te Electric Ensemble, onde no âmbito do Festival Música Viva 2012 foi estreada a sua peça Dialogismos II. No seu repertório destacam-se também as obras para orquestra, Ysin, Palabras habla e Na Viagem de um Livro..., apresentada no 8.º Workshop da Orquestra Gulbenkian para Jovens Compositores Portugueses.
Actualmente Nuno Peixoto de Pinho é membro do Factor E da Casa da Música, assim como professor na Academia de Música de Espinho e na Universidade Católica Portuguesa. Frequenta também o doutoramento desta Universidade sob a orientação de Erik Oña e coorientação de Sofia Lourenço, no âmbito da Reutilização musical como processo criativo composicional.
“Acredito”, diz-nos o compositor, “que um discurso musical não se constrói sobre o mesmo, mas elabora-se em vista de uma ou outras obras e através do envolvimento com [elas] (...). Por outras palavras, estas obras «influentes» perpassam, atravessam, condicionam o discurso do eu; nasce assim o princípio de Dialogismo pertencente à corrente literária do formalista russo, Mikhail Bakhtin.”[8]

Nuno Peixoto de Pinho no YouTube
Your Feet (2013), para voz, percussão e electrónica
3'30'' Percussive Sung Songs
Nuno Aroso – percussão
Rita Redshoes – voz

Dialogismos II (2012), para flauta, clarinete, violino, violoncelo, piano e electrónica em tempo real
Sond’Ar-te Electric Ensemble
Guillaume Bourgogne – maestro

Ysin, Palabras habla (2010), para orquestra
Orquestra Sinfonia do Porto Casa da Música
Enrique Mazzola – maestro

Duarte Dinis Silva

Nascido em 1980, Duarte Dinis Silva licenciou-se em Composição e Música Electrónica pela ESMAE. Estudou com João Madureira, Fernando Lapa, Carlos Guedes, Dimitris Andrikopoulos e Eugénio Amorim, tendo frequentando em paralelo seminários e workshops de composição com Emmanuel Nunes, Clarence Barlow, Klass de Vries, Magnus Lindberg e Jonathan Harvey.
Em 2008 a sua peça Paralelus II foi distinguida com a Menção Honrosa do 1.º Concurso Internacional de Composição do Sond'Ar-te Electric Ensemble. A sua temática “remete-nos para os grandes centros urbanos onde a agitação e o movimento humano se acentuam diariamente, e onde é comum a existência de proximidades e de afastamentos, por vezes até de algumas coincidências, onde as situações mais inesperadas acontecem. (...) [Paralelus II] desenvolve um constante cruzamento de entidades independentes, fazendo do percurso de cada uma delas, uma peça fundamental na construção de um todo.”[9]
Durante os meses de Março e Abril de 2009 Duarte Dinis Silva foi Compositor-Residente no Laboratório Electroacústico de Criação da Miso Music Portugal onde compôs a peça Jungle 92 para flauta e electrónica, que foi estreada no Festival Música Viva em 2010. No mesmo ano estreou o bailado para coro e orquestra Suite às Musas do Tejo, encomendado pela Academia de Música e Dança do Fundão no âmbito do programa Lusofonias.
Durante o ano de 2012 obras suas foram alvo de apresentações públicas nas mais variadas salas de concerto do país, integrando festivais como o Serralves em Festa ou Guimarães – Capital Europeia da Cultura. Em resposta à encomenda do Síntese – Grupo de Música Contemporânea, escreveu o seu primeiro Quarteto de Cordas apresentado em Outubro de 2012 no âmbito do Síntese – Festival de Música Contemporânea da Guarda. No ano seguinte voltou a compor para o Grupo Síntese a obra Music from the Motion Picture… que foi estreada no mesmo festival.
Recentemente Duarte Dinis Silva tem sido artista residente da Academia da Juventude da Ilha Terceira nos Açores, assim como professor na Escola Superior de Artes Aplicadas e no Conservatório Regional de Castelo Branco, e na Academia de Música e Dança do Fundão.

Duarte Dinis Silva no YouTube
Paralelus II (2008), para quinteto e electrónica em tempo real
New Ensemble
Bruce Pennycook – maestro

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1 Designação evocada por Virgílio Melo em: Quatro estreias, três compositores, duas gerações, Espaço Crítica para a Nova Música, Dezembro de 2012.
2 Hugo Ribeiro em resposta a uma das perguntas do Questionário / Entrevista publicado no dia 1 de Junho de 2013 na secção Em Foco do MIC.PT por ocasião do 30.º aniversário do compositor.
3 Sofia Sousa Rocha, notas de programa da mini-ópera Inês morre enviadas para o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa a propósito do programa de rádio Música Hoje (emissão no dia 1 de Fevereiro de 2014, Antena 2).
4 Daniel Martinho, notas de programa do ciclo Antologia do Tempo enviadas para o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa a propósito do programa de rádio Música Hoje (emissão no dia 1 de Fevereiro de 2014, Antena 2).
5 Ângela da Ponte em resposta a uma das perguntas do Questionário / Entrevista publicado no dia 1 de Fevereiro de 2014 na secção Em Foco do MIC.PT por ocasião do 30.º aniversário da compositora.
6 Hugo Ribeiro, op. cit.
7 Filipe Lopes, notas de programa da obra Do desenho e do som #3 (2013) enviadas para o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa a propósito do programa de rádio Música Hoje (emissão no dia 15 de Fevereiro de 2014, Antena 2). Tradução para português: Jakub Szczypa.
8 Nuno Peixoto de Pinho, notas de programa da obra Ysin, Palabras habla (2010) enviadas para o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa a propósito do programa de rádio Música Hoje (emissão no dia 15 de Fevereiro de 2014, Antena 2).
9 Duarte Dinis Silva, notas de programa da obra Paralelus II (2008) enviadas para o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa a propósito do programa de rádio Música Hoje (emissão no dia 15 de Fevereiro de 2014, Antena 2).

Março de 2014
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