Duo formado por Miguel e Paula Azguime, que se estreou há 40 anos, em 1985, e que continua a marcar a criação musical contemporânea - o Miso Ensemble está Em Foco no MIC.PT em abril.
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Subtítulo 7 canções para barítono, percussão e piano
Data de Composição· 2003
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Música de câmara (de 2 a 8 instrumentos)
Instrumentação Sintética Barítono, Percussão e Piano
Estreia
Data 2003/Oct/08
Intérpretes
António Salgado (barítono), Mário Teixeira (percussão), António Chagas Rosa (piano)
Local Palácio Clam-Galas
Localidade Viena
País Áustria
Texto
Autor do Texto Maria José
Título do Poema ou Texto -
Notas Sobre a Obra
A leitura da recriação portuguesa dos rubaiyat de Omar Khayyam por Fernando Pessoa causou-me uma profunda impressão. Já conhecia tantas facetas da obra do poeta e místico português que me parecia impossível ser surpreendido por algo de novo.
Todavia, estas ‘Canções de Beber’, surpreenderão a par e passo a qualquer português que as leia, pela naturalidade com que a sensibilidade portuguesa – que Pessoa encarna como ninguém – se inclui no universo do poeta persa, estabelecendo uma corrente de significados válida para ambas as culturas.
Entre estes significados, os que mais a fundo me tocaram foram os que de algum modo dão forma ao descontínuo, ao incompleto, ao impossível e à humildade perante as maravilhas da Criação do tempo e da terra, enfim, a uma forma de estar na vida feita de resignação ontológica, numa subjugação incondicional perante o divino.
E, apesar desta postura de humildade, que poder de análise emana dos sentidos do poeta! Que profundo conhecimento da vida e do sofrimento de quem nela está! Mas longe de ser o canto de um desistente, trata-se de uma lírica de quem sente a vida mais a fundo do que os demais, uma lição inigualável da metafísica do ‘aqui e agora’ que Pessoa cristaliza numa escrita requintada e única.
Servi-me dos aspectos de alguns poemas que melhor combinavam com duas características da minha maneira de compôr, e que não quero ou não sei abandonar: o eterno fragmento romântico e a força dansante do ritmo. Assim se alternam canções onde o elemento dominante é a visão um pedaço apenas de eternidade, sem princípio nem fim, e que nada pretende explicar ao ouvinte, e canções onde o ritmo desenvolve uma motricidade quase encantatória como se de danças rituais se tratasse.
Sabendo eu que, de qualquer forma que utilizasse os versos de Pessoa lhes iria causar algum mal – pois eles não pedem música nenhuma – concebi o papel do cantor como se do próprio Pessoa se tratasse, fazendo dele um retrato multifacetado, ora apresentando-o como uma verdadeira ‘diva’, ora mostrando como o curso do seu pensamento especulativo o levasse mais a orar do que a cantar.
O piano e a percussão emprestam a este discurso um suporte de banda sonora, como no cinema. A intenção foi a de criar uma sequência de canções como se de um diário se tratasse, procurando ser mais fiel ao poema do que a procupações de ordem estética. E tal como Fernando Pessoa praticava – exercícios de estilo – ao pegar numa forma antiga, arrastando-a para o presente, na minha música surgem também momentos de entrega passional ao passado para que o presente se conheça melhor. Se consegui ser leal a Pessoa não sei ainda. Dele a culpa não será “e quem serei seguirá esquecido”...
António Chagas Rosa
Encomenda
Data 2003
Entidade Festival Jeunesse de Viena
Localidade Viena
País Áustria
Circulação
Obra
Tipo
Data
Entidade/Evento
Local
Localidade
País
Intérpretes
Observações
Inv Row
Naishapur
Estreia
2003/Oct/08
Palácio Clam-Galas
Viena
Áustria
António Salgado (barítono), Mário Teixeira (percussão), António Chagas Rosa (piano)