Seleccionada pela SPNM (Society for the Promotion of New Music)
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Orquestra
Instrumentação Sintética Orquestra Sinfónica
Estreia
Data 2003/Jul/22
Intérpretes
Orquestra Sinfónica Portuguesa do Teatro Nacional de São Carlos
David Alan Miller (direcção)
Entidade/Evento Mare Nostrum - Festival do Estoril
Local Cine-Teatro do Casino do Estoril
Localidade Estoril
País Portugal
Notas Sobre a Obra
Perpetuum foi escrita em 1996 e esperou sete anos para que pudesse, agora, materializar-se em som. O que me faz sentir um pouco dividido. Se, por um lado, é com muita alegria que vejo esta obra seguir o curso inicialmente desejado; por outro, durante estes sete anos (entre a conclusão da peça e a sua estreia), percorri caminhos que me levaram, porventura, a encontrar um idioma diferente do que aqui se apresenta hoje.
Na verdade, este sentimento duplo tem razão de ser porque se trata de uma primeira audição absoluta: uma estreia, em princípio, apresenta a expressão mais recente do autor (do mesmo modo que um pintor expõe os seus últimos quadros ou um escritor publica o seu último livro) e esta é, portanto, uma estreia anacrónica... Mas, ao mesmo tempo, é o testemunho de um momento ao qual Perpetuum ficará para sempre ligada.
O ponto de partida para Perpetuum foi a leitura de um poema sudanês (numa tradução de Herberto Hélder), que nos fala de ciclos eternos em contraste com a natureza efémera do Homem:
"No tempo em que Deus criou todas as coisas,
criou o sol,
e o sol nasce, e morre, e volta a nascer;
criou a lua,
e a lua nasce, e morre, e volta a nascer;
criou as estrelas,
e as estrelas nascem, e morrem, e voltam a nascer;
criou o homem,
e o homem nasce, e morre, e não volta a nascer."
Foram algumas destas ideias que transpús para o plano musical na construção de Perpetuum, nomeadamente na reexposição e cíclica renovação de alguns materiais.
A peça é estruturada num único andamento, dividido em diversos painéis, como num políptico. Cada painel apresenta materiais derivados dos gestos introdutórios, ao mesmo tempo que permite a construção de novos elementos que integrarão a narrativa.
Trata-se, portanto, de um mecanismo bastante simples, com infinitas possibilidades de geração e/ou derivação de materiais.
Olhada numa perspectiva mais abrangente, Perpetuum constitui também, em si mesma, um painel, que poderá ser observado em relação com outras peças que escrevi no mesmo período. Mas esta ideia levar-nos-ia, de novo, para o início deste texto.
Luís Tinoco, Maio 2003
Prémios
Designação do Prémio Prémio de Composição Sinfónica Joly Braga Santos