01 - Andante Leggiero - Calmo ed Espressivo - Andante come Prima - A Piacere
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Música de câmara (de 2 a 8 instrumentos)
Instrumentação Sintética Viola e Clarinete
Estreia
Data 1988/May/06
Intérpretes
Grupo de Música Contemporânea de Lisboa:
António Oliveira e Silva (viola), António Saiote (clarinete)
Jorge Peixinho (direcção)
Entidade/Evento 12ºs Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea
Local Fundação Calouste Gulbenkian - Grande Auditório
Localidade Lisboa
País Portugal
Notas Sobre a Obra
O Duo para Violeta e Clarinete, escrito em Março de 1987, foi a obra em que pela primeira vez pus em prática uma concepção da música diferente da que me era habitual.
Até aí segui um percurso natural em composição. Comecei por utilizar a escrita modal (Canções sobre Poemas de Camões, 1981), depois a escrita tonal à base de acordes de 7.ª, 9.ª e 11.ª por prolongação (Prelúdio para Cordas, 1982), e só então a escrita atonal com tendências serialistas (Três Momentos para Orquestra, 1983). Utilizei ainda um sistema criado por mim à base de intervalos de 4.ª e 5.ª perfeita (Concerto para Metais, 1985).
Só após um longo período de experiências infrutíferas compreendi aquilo que me faltava para atingir os meus objectivos.
As descobertas harmónicas estão gastas e estafadas, seja qual for o sistema que se utilize. A altura do som não basta para dar "vida" à música, e o ritmo tem um papel preponderante a desempenhar. Mais do que este ao nível dos desenhos rítmicos de cada frase ou textura musical, existe um outro mais profundo que está acima de todos os parâmetros sonoros. Altura, timbre, intensidade e ritmo (no sentido restrito) são vectores isolados que em conjunto constroem um "ritmo global", que é a essência de qualquer obra. Só desenvolvendo esse conjunto de vectores na mesma direcção é que se pode levar a música a transmitir aquilo que é o essencial em arte: a emoção. No Duo para Violeta e Clarinete há quatro secções interligadas (andante leggiero - calmo ed espressivo - andante come prima - a piacere) que seguem o fôlego de um só andamento.
Num clima animado, a violeta e o clarinete fazem ouvir em simultâneo dois temas contrastantes cuja componente caracterizadora é o ritmo e que evoluem em constante alternância de timbres. Depois de atingido o primeiro clímax dá-se uma metamorfose da audiência conduzindo a uma secção central mais calma e misteriosa, em que alguns motivos melódicos anteriores cujo intervalo predominante é a 4.ª aumentada são trabalhados num clima de interrogações fluidas e suspensivas no clarinete, pontuadas por exclamações de ritmo incisivo e seco na violeta, surgindo ocasionalmente breves e etéreas frases melódicas. Depois de sucessivas suspensões, dá-se o regresso ao clima inicial e os dois temas contrastantes são utilizados numa nova evolução. Ao atingir-se um ponto de tensão máxima há uma interrupção brusca, e segue-se um diálogo em arpejos que se anima progressivamente, no qual o intervalo de 4.ª aumentada presente desde o início da obra dá lugar a uma luminosa profusão de 4.ªs perfeitas.
Alexandre Delgado
Circulação
Obra
Tipo
Data
Entidade/Evento
Local
Localidade
País
Intérpretes
Observações
Inv Row
Duo para Violeta e Clarinete
Estreia
1988/May/06
12ºs Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea
Fundação Calouste Gulbenkian - Grande Auditório
Lisboa
Portugal
Grupo de Música Contemporânea de Lisboa:
António Oliveira e Silva (viola), António Saiote (clarinete)
Jorge Peixinho (direcção)