Título do documento Concerto para Viola e Orquestra
Data de Composição· 2000
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Solista(s) e Orq./Ens. e/ou Coro/Conjunto Vocal
Instrumentação Sintética Viola e Orquestra
Notas Sobre a Obra
A violeta é, historicamente, o coração solitário da família das cordas. Embora o século XX lhe tenha oferecido uma boa vingança com uma série de belos concertos com orquestra, ela ainda é menos vista como solista do que o violino ou o violoncelo.
Sendo o meu instrumento, tentei a minha própria vingança ao escrever este concerto. A obra explora a ideia do instrumento “esquisito” que assume o papel de líder e transmite à orquestra as suas próprias idiossincrasias. Pouco a pouco, a violeta contamina os outros com as suas peculiaridades, que se espalham como pequenos organismos até que a orquestra rodopia sozinha num acesso de múltipla loucura.
A peça desenrola-se em sete andamentos interligados. O primeiro (Piacevole) apresenta dois grupos de ideias, primeiro nas cordas, depois nos sopros. Os outros andamentos são variações/transformações dessas ideias: o segundo (Leggiero) usa apenas violetas e segundos violinos; o terceiro (Calmo) recorre a violoncelos em pizzicato, trompas e clarinetes. O quarto andamento tem três secções: a primeira (Moderato) com fagotes, oboés, contrabaixos e violinos; a segunda (Tranquillo) com flautas, clarinetes, trompas e pizzicati; e a terceira (Vivo) com toda a orquestra, que toca sozinha pela primeira vez desde o início da obra. A violeta fica calada durante este momento declarado de demência, como quem presencia um grupo de crianças mal comportadas.
Segue-se a cadência (Ad libitum), em que a violeta busca de novo a sua essência, convocando os seus demónios e energia oculta. O sexto andamento (Lento) traz dois companheiros da solidão da violeta: a poética e lamentosa flauta contralto, o trocista corne inglês. Os outros instrumentos vão-se-lhes juntar num assomo progressivo.
O sétimo e último andamento (Presto) traz uma revisão febril e transformada de todo este percurso. Numa coda sussurrante, é como se todos os espíritos que foram convocados regressassem ao seu reino…
Este concerto foi encomendado pelo Festival Internacional de Música de Coimbra e estreado no Teatro Gil Vicente a 20 de Julho de 2000, com o compositor como solista, acompanhado pela Orquestra Gulbenkian dirigida por Pierre-André Valade.