Em 2000 escrevi três peças curtas para piano, com o objectivo de servirem de introdução (mais fácil), aos Estudos de György Ligeti. Embora baseadas nas técnicas usadas nos Estudos deste compositor, e em sonoridades e ambiências que lhes são próprias, dados os objectivos iniciais, as três peças daí resultantes tinham uma personalidade suficientemente forte para serem tocadas em concerto, como efectivamente foram várias vezes com bastante sucesso, quer da parte do público quer da parte dos intérpretes. Em 2003, ano das 80 primaveras de Ligeti, decidi então ampliar o número total das bagatelas, constituindo a actual suite de 12 peças o meu presente de aniversário para o compositor, não obstante só terem sido completamente terminadas em 2004. Todas elas fazem referência a objectos ligetianos, e muitas têm títulos bem humorados que indicam claramente essas referências. Embora o objectivo seja servirem de introdução aos Estudos, as 12 Bagatelas são, em geral, bastante difíceis de tocar, se bem que mais fáceis que as obras de Ligeti. Embora escritas numa certa ordem, que servirá de guia, o intérprete pode decidir tocar apenas algumas das peças, ou tocar a integral na ordem que desejar. A dedicatória destas obras é quádrupla: ao Francisco Monteiro, que reviu e dedilhou a primeira versão, à pianista Sofia Lourenço, que estreou as primeiras três peças do ciclo no festival “Os Dias da Música Portuguesa” em 2003, à Joana Gama, que foi a sua segunda intérprete e que as tem tocado várias vezes pelo país, e, finalmente, ao Paulo Pacheco, que estreará hoje, nesta magnífica Sala dos Espelhos, do Palácio Foz, a versão integral.
Sérgio Azevedo