Duo formado por Miguel e Paula Azguime, que se estreou há 40 anos, em 1985, e que continua a marcar a criação musical contemporânea - o Miso Ensemble está Em Foco no MIC.PT em abril.
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Categoria Musical Orquestra
com electroacústica sobre suporte
Instrumentação Sintética Orquestra e Electroacústica sobre Suporte
Meios Técnicos de Execução
Electroacústica sobre suporte estéreo (CD ou disco duro)
Estreia
Data 1994/May/05
Intérpretes
Tokyo Symphony Orchestra
Norichika Imori (direcção)
Entidade/Evento 18ºs Encontros de Música Contemporânea
Local Fundação Calouste Gulbenkian - Grande Auditório
Localidade Lisboa
País Portugal
Notas Sobre a Obra
De uma maneira muito global e simplificada seria possível definir esta peça como uma "ode a uma ode". Na verdade, ela segue de muito perto um poema, aliás bastante longo. Mas o paralelismo entre a música e o poema – indo até ao ponto de estabelecer relações mútuas mesmo ao nível da extrutura interna de ambos – não é nem simples, nem perceptivamente evidente.
O discurso musical não está construído por quadros descriptivos, como num poema sinfónico. Nem tão-pouco tenta realizar musicalmente uma imitação (do ritmo ou da sonoridade fonética) de uma leitura vocal do poema. Não obstante, é possível encontrar esporadicamente passagens muito curtas, nas quais a música parece realizar "alusões" visuais fugitivas, ou antes encarnar uma retórica verbal.
Nesta peça, a simbiose "poema / música" é de outra natureza. Ela tem lugar já na formação do material musical de base. Várias entidades musicais características são criadas, que se tornarão o "equivalente" musical dos principais elementos em jogo no poema – estes nas dimensões as mais variadas. Estas entidades musicais tomam forma, por exemplo, no domínios: harmónico, no de relações intervalares privilegiadas, no dos timbres instrumentais, e noutros. Mas estas entidades não constituem, nem temas, nem motivos, nem figuras melódicas de carácter temático. Por outro lado, as suas aparições podem ter frequentemente uma significação semelhante à dos "leit-motiv" numa ópera, só que aqui, nesta peça, não existe nem texto, nem acção dramática. Evidentemente, o poema nunca aparece em toda a peça. Trata-se de uma obra puramente orquestral que, como uma única metade – a "subdimensão" – de um todo, procura ter um sentido (musical) na ausência do seu "duplo" semântico – o poema.
A função que todas estas entidades adquirem no desenvolvimento musical, e isto em relação ao poema, pode ser de vários tipos:
– por associação com palavras ou elementos característicos do poema, que nele emergem de uma maneira mais ou menos cíclica e "insistente", e cuja (omni)presença quase nunca nos abandona durante todo o poema. Estes elementos podem ser, por exemplo:
– "arquétipos" da natureza;
– "objectos" do mundo físico (criados/construídos, ou não, pelo homem);
– elementos atmosféricos;
– seres humanos, tomados como tais;
– estados de alma, estados de espírito, estados perceptivos, ... ;
– por associações livres resultando de uma interpretação pessoal da semântica do poema, mas coerentes com esta;
– por associação com certas situações, estados, ou momentos mais extensos no poema, onde desenvolvimentos musicais mais autónomos podem então surgir.
Tentar seguir passo a passo – ou mesmo palavra a palavra – a evolução do poema, na construção do discurso musical, mantendo no entanto a unidade e a coerência exclusivamente musicais do seu desenvolvimento, foi a aposta e o desafio da peça.
João Rafael
Encomenda
Data 1992
Entidade Fundação Calouste Gulbenkian - Serviço de Música
Ode foi escolhida pela Rádio do Sarre (Saarländischer Rundfunk) para o workshop "Saarbrücker Komponisten Werkstatt" e subsequente concerto, ambos no âmbito do Festival "Musik im 20. Jahrhundert" em Saarbrücken.
Ode foi escolhida pela Rádio do Sarre (Saarländischer Rundfunk) para o workshop "Saarbrücker Komponisten Werkstatt" e subsequente concerto, ambos no âmbito do Festival "Musik im 20. Jahrhundert" em Saarbrücken.