ÑCÁÃNCÔA - citando as palavras do compositor - evoca vozes imaginárias de há 20.000 anos das gravuras do paleolítico das margens do rio Côa. A escrita, a notação, o visual e o grafismo desta partitura aproximam-se voluntariamente desses painéis antigos, numa partitura onde o tempo, o som, o espaço, a melodia e as cores fluem livremente como as correntes do rio.
Escrita entre Abril e Maio de 1995, foi apresentada pela primeira vez em Junho desse ano no Teatro de S. Luiz por Luís Carvalho, em versão solo sem electroacústica. A versão para dois clarinetes ao vivo como alternativa à espacialização do som por meios electroacústicos conduziu à gravação da obra em estúdio por Nuno Pinto a partir da qual nasceu esta versão em 2002 (para um ou mais solistas), em que o intérprete ao vivo dialoga com a gravação em delay livre como duas longas esculturas mobile.
Não havendo qualquer ponto obrigatório comum de interacção temporal entre o intérprete ao vivo e a parte gravada e apesar de ambos executarem a mesma partitura, o resultado pretendido é o de se gerar ao vivo um eco cantabile, autónomo, não periódico, enriquecido por diferentes agógicas temporais subjectivas.
Com meios electroacústicos disponíveis e se o espaço de audição o permitir, por exemplo ao ar livre - como espaço real ou simulado, é possível conciliar os vários meios nas dimensões en temps différé e en temps réel, fundindo os níveis de espacialização prescritos na partitura. O local ideal para se ouvir esta obra - ironiza o autor - seria nos vales dos rios onde vivesse ainda o homem do paleolítico...
Esta obra foi seleccionada para representação de Portugal nos World New Music Days da ISCM em 2004.
Circulação
Obra
Tipo
Data
Entidade/Evento
Local
Localidade
País
Intérpretes
Observações
Inv Row
Ñcàãncôa
Estreia
2023/Jun/14
Salão Nobre do Edifício dos Congregados da Universidade do Minho
Braga
Portugal
André Lucena, Francisca Lima, Jael Cohen e João Almeida (clarinetes)