Categoria Musical Música de câmara (de 2 a 8 instrumentos)
Instrumentação Sintética Clarinete, Trompete, Piano, Violino e Violoncelo
Notas Sobre a Obra
Escrita para violino, trompete, piano, clarinete/clarinete-baixo e violoncelo, "Densités" corresponde provavelmente à minha tentativa mais radical de reduzir o material musical básico a um grupo de notas essenciais e a um conjunto muito circunscrito dos seus desenvolvimentos possíveis em espiral.
Na sua forma mais condensada, este material pode ser facilmente seguido na linha de trompete solo da última secção da peça: inicialmente tem apenas cinco notas (o material de raiz). Essas cinco notas são expostas em cinco unidades de tempo; em seguida, após um curto comentário do piano, essa raiz começa a expandir-se constituindo-se treze notas em oito unidades de tempo; após um segundo comentário do piano, vem um terceiro desenvolvimento com trinta e quatro notas em treze unidades de tempo, depois um quarto desenvolvimento com cinquenta e cinco notas em vinte e uma unidades de tempo, e assim por diante: o material expande-se cada vez mais, seguindo sempre uma forma em espiral, de acordo com a sequência de Fibonacci, sendo a linha solista de trompete sucessivamente comentada, parafraseada, pelo piano e outros instrumentos.
Todo o trabalho é construído retrospectivamente a partir deste material unificador que aparece na última secção. Por exemplo, a secção inicial (A), que dura cerca de cinco minutos, propõe uma grande exposição horizontal, circular, destas espirais; na secção posterior (B), por oposição, constantemente interrompida por intervalos de silêncio inesperado, são exclusivamente operadas extracções harmónicas e desenvolvimentos a partir delas, e assim por diante, cada secção expondo sempre diferentes densidades ("densités") da mesma substância de uma forma mais concreta (básica) ou de uma forma mais abstracta (proliferada).
Encomendada pelos Wittener Tage für neue Kammermusik 2005, e estreada pelos solistas do Ensemble Intercontemporain, "Densités" é dedicada a Pierre Boulez, por ocasião do seu octogésimo aniversário em Março de 2005.