Local Centro Cultural de Belém - Pequeno Auditório
Localidade Lisboa
País Portugal
Notas Sobre a Obra
Construções fantásticas labirínticas, escuras, cavernosas e fantasmagóricas, atravessadas por caminhos vertiginosos. A constante presença da sensação de um abismo e da sua fascinação hipnótica - chegar a um fim abrupto, sem suporte algum onde se possa agarrar, nem poder dar mais um passo porque se está num extremo podendo cair num buraco fundo. Escadas sem fim, sem saída para uma fuga. A necessidade de libertação e luta constante por quem caminha entre essa teia labiríntica formada por sinistros caminhos, maquinarias, cabos, alavancas, arcos, que parecem armadilhas. Como se fosse prisioneiro do espaço. Uma teia desordenada/ordenada, confunde, protege e armadilha. O horror solitário do espaço, a sua expansão e contracção, a constante tentativa de libertação, condena-o a um "no way out". No livro Confessions of an English Opium Eater (1821), Thomas De Quincey refere estas fantásticas contruções intituladas "Carceri D'Invenzioni" (datam de 1749/50 e retrabalhadas em 1761) de Giovanni Battista Piranesi (1720-1778) e que serviram de fonte de inspiração para a peça Aranea, insidiis noctis serenae.
"Many years ago, when I was looking over Piranesi's Antiquities of Rome, Coleridge (...) described to me a set of plates from that artist... Some of these represented vast Gothic halls; on the floor of which stood mighty engines and machinery, wheels, cables, catapults, etc, expressive of enormous power put forth, and resistance overcome. Creeping along the sides of the walls, you perceived a staircase; and upon this, groping his way upwards, was Piranesi himself. Follow the stairs a little further, and you perceive them reaching an abrupt termination, without any balustrade, and allowing no step onwards to him who should reach the extremity, except into the depths below. Whatever is to become of poor Piranesi, at least you suppose that his labours must now in some way terminate here. But raise your eyes, and behold a second flight of stairs still higher; on which again Piranesi is perceived, by this time standing on the very brink of the abyss. Once again elevate your eye, and a still more aërial flight of stairs is described; and there, again, is the delirious Piranesi, busy on his aspiring labours; and so on, until the unfinished stairs and the hopeless Piranesi both are lost in the upper gloom of the hall." (Confessions of an English Opium-Eater, Thomas De Quincey)