Jovem compositor que em abril completou 30 anos, sendo uma das vozes mais ativas no contexto da música contemporânea em Portugal - Pedro Lima está Em Foco no MIC.PT em setembro.
Ler mais
Categoria Musical Música de câmara (+ de 8 instrumentos)
Instrumentação Sintética Ensemble Instrumental
Estreia
Data 1991
Intérpretes
Ensemble RC
Arie van Beek (direcção)
Local De Ijsbreker
Localidade Amesterdão
País Países Baixos
Notas Sobre a Obra
A existência de notas explicativas nos concertos de música contemporânea é uma verdadeira instituição. A multiplicação de análises das próprias obras é igualmente prática corrente. Pergunto-me se essa extraordinária proliferação de textos teóricos não servirá para cobrir uma indisfarçável incapacidade, admitida implicitamente pelos compositores, de a música conseguir por si só fazer funcionar o prazer auditivo, ou o prazer intelectual, ou um prazer autitivo\intelectual, ou seja, a emoção estética, sob qualquer forma de que ela possa revestir-se…
Evidentemente que o compositor deve estar consciente dos processsos que utiliza e que a análise da música do presente e do passado é indispensável na sala de aula, mas a descrição de determinado processo de composição não deveria servir, só por si, de caução histórica ou ideológica duma obra. Será que alguma vez a razão profunda de uma obra foi explicitada pelas palavras do próprio compositor? Ou será que, como disse Boulez, num texto notável, se a análise inicialmente nos tira das trevas e, por um momento, julgamos conhecer uma obra, quanto mais avançamos na análise, mais evidente se torna a impossibilidade de explicar esta ou aquela decisão entre as muitas a que cada obra obriga, e por isso, rapidamente regressamos ao desconhecido impenetrável que ela encerra?
No caso desta peça, por exemplo, será útil para o auditor eu dizer que a obra se divide em 7 variações, cada uma com dois gestos? Ou que a génese está ligada a duas pequenas figuras com notas e ritmo próprios? Que o título "Estudo" tem a ver com a ideia íntima de pôr à prova a minha capacidade de variar, de variar sempre a partir do mesmo? De tentar modificar completamente os gestos do compositor, aqui muito ligados à escrita, a uma certa maneira de escrever, mas também ao gesto do instrumentista, e ao seu previsível prazer de tocar o instrumento duma maneira relativamente tradicional, sem contrariar o seu destino, sem esventrar o seu interior?
Será que tudo isso não revela uma irremediável nostalgia da tonalidade ou dos modos que persistem gloriosamente noutras culturas do mundo onde a música ocupa um lugar na vida e no quotidiano sem para isso precisar das explicações teóricas, apologéticas e fortemente ideológicas que o estruturalismo europeu dos anos 50 e 60 veio tornar opacas, indecifráveis, quase absurdas e, por isso, as mais das vezes, vazias de sentido?
António Pinho Vargas
Prémios
Designação do Prémio IV Concurso de Composição da Oficina Musical
Data 1991
Entidade Oficina Musical
País Portugal
Circulação
Obra
Tipo
Data
Entidade/Evento
Local
Localidade
País
Intérpretes
Observações
Inv Row
Estudo/Figura
Estreia
1991/Jan/01
De Ijsbreker
Amesterdão
Países Baixos
Ensemble RC
Arie van Beek (direcção)
Observações
Estudo/Figura
Execução
15os Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea
Fundação Calouste Gulbenkian - Grande Auditório
Lisboa
Portugal
Oficina Musical:
Eduardo Lucena (flauta), António Saiote (clarinete), Francisco Silva (oboé), Carlos Girão Voss (percussão), Catarina Latino (percussão), Jorge Martins (piano), Anna Kratochvilova (violino), José Luís Duarte (viola), Gisela Alves (violoncelo), Adriano Aguiar (contrabaixo)
Álvaro Salazar (direcção)