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Com a excepção de referências pontuais e da descoberta em 1967, em Vila Viçosa, da partitura de La Passione di Gesù Cristo por Filipe de Sousa a obra e a personalidade de João Pedro de Almeida Mota permaneceram quase ignoradas pela historiografia musical ibérica até ao início dos anos 80 do século XX. Foi nessa data que as pesquisas de Humberto d'Ávila começaram a dar alguns frutos permitindo hoje não só conhecer a identidade do enigmático compositor, como a localização da maior parte da sua produção. Estas e outras informações foram condensadas no livro Almeida Mota, Compositor Português em Espanha (Lisboa: Vega, 1996) da autoria do referido investigador. Nascido em Lisboa, Almeida Mota foi menino de coro da Basílica de Santa Maria (actual Sé) entre 1752 e 1758, onde teria recebido a sua primeira formação musical. Em 1761 assinou o Livro de Entradas da Irmandade de Santa Cecília, na qualidade de cantor da Capela Real. Anos mais tarde encontramo-lo como mestre de capela da câmara do arcebispo-infante (D. Gaspar, filho de D. João V) de Braga e mais tarde como tenor na catedral de Santiago de Compostela. O resto da sua carreira prosseguiu nas localidades espanholas de Mondonhedo (a partir de 1772) onde teria sido apresentado o Drama giocoso Il Matrimonio per Concorso, cuja partitura se perdeu, Lugo (1775) e Astorga (1783). Nas duas últimas foi mestre de capela das respectivas catedrais. Em 1793 foi transferido para Madrid, ocupando o cargo de Mestre de Rudimentos do Colegio de Niños anexo à Capela Real e cinco anos depois foi nomeado compositor da Real Câmara. Até chegar à capital espanhola, Almeida Mota dedicou-se principalmente à composição de obras sacras destinadas a suprir as necessidades das instituições onde trabalhava missas, salmos, lamentações, ladaínhas, motetes, magnificats, hinos, etc., bem como de vilancicos, já que, ao contrário de Portugal onde foram proibidos por D. João V, estes continuavam a gozar de grande popularidade nas igrejas espanholas. As suas funções na corte de Madrid motivaram, no entanto, que se dedicasse também à música de câmara profana, escrevendo várias cançonetas italianas e 16 quartetos de cordas para Carlos IV. Violinista amador, o monarca ocupava regularmente a estante do 2º violino num quarteto nos serões da corte. Conjugando influências de Haydn, Boccherini ou Pleyel com a sua linguagem pessoal, trata-se de um caso inédito entre os compositores portugueses deste período, uma vez que nem mesmo Bomtempo, fervoroso adepto da música instrumental, escreveu para quarteto de cordas. Almeida compilou ainda uma colectânea de solfejos de sua autoria para uso no Real Colégio e traduziu para castelhano um dos tratados de Francisco António Solano, o mais influente teórico musical setecentista português: Exame Instructivo sobre a Música Multiforme, Métrica e Rytmica (Madrid 1818).