CAMPANIANA nasce, partindo sobre o território de expansão, Campanhã, e de uma “Villa” imaginária de há cerca de mil anos, a «VILLA CAMPANIANA», e de um seu Mosteiro, o “Mosteiro de Santa Maria de Campanhã", assim nomeado na "Carta de doação”, documento histórico do ano de 1058, e de um sino aparentemente doado nessa mesma carta, um sino metálico agregador de uma população. Este sino, símbolo da identidade de um povo, de um “bairro”, "sub sino", expressão contida no texto referente à história local, é o centro desta obra que tem, como título, o topónimo da antiga população de Campanhã, termo de origem latino, “CAMPANIANA”.
É um mundo sonoro tranquilo, de grandes planuras e ressonâncias (ressonâncias de um sino) que remete para algumas harmonias medievais, tempos do sino, como os intervalos de 5as e 8vas perfeitas, mas com uma sonoridade contemporânea que projeta um lugar no futuro. Busca-se a magia, o lirismo, o onírico de uma paisagem sonora ideal, onde os únicos instrumentos de percussão utilizados são os de metal (lâminas e outros), numa aproximação à ideia sonora central. A obra inclui texto no final que, para além de "recitado" pelos músicos, pode ser dito por gente da terra
ligada ao teatro ou ao conto de histórias. O texto, em latim, é constituído por frases retiradas do documento histórico, “Carta de doação ao Mosteiro de Santa Maria de Campanhã. Ano de 1058”.
A obra é dedicada às entidades que a promoveram, aos intervenientes nos diálogos com a compositora, aos músicos do SUPERNOVA Ensemble, intérpretes da obra em estreia, à população de Campanhã, para quem a obra foi concebida e escrita. “Sub sino”, o mosteiro, a ruralidade, a integração, a região, sons, texturas e uma plasticidade sonora que traduzem estes e outros mundos possíveis.
Encomenda da Câmara Municipal do Porto (Ágora) através do programa de promoção cultural e artística “Cultura em Expansão” 2022 e da Associação Cultural “Sonoscopia”, inserida no projeto ‘Obras Portuenses da década de 20’.
Ângela Lopes, 29 de Agosto de 2022