Obras

Instrumentação Analítica

Solistas	soprano
Sopros	3 flauta, 2 oboé, 3 clarinete, 2 fagote, 2 trompa, 2 trompete, 2 trombone, tuba
Percussão	3 percussão
Teclados	sintetizador
Cordas (dedilh./fricc.)	~ cordas
Electrónica / Electroacústica	electroacústica sobre suporte [16 canais]

Intérpretes

Observações

Visão faz parte de um grupo de sete peças. Este ciclo, originalmente pensado como sendo uma evocação em termos musicais do Livro do Apocalipse no Novo Testamento, alargou o seu contexto para uma reflexão sobre o próprio conteúdo da palavra "Apocalipse", que significa "Revelação". Considero que o acto de criação na sua essência, e tal como eu o concebo, não existe por si só mas é resultado de uma revelação que se processa através do nosso Espírito para a nossa Mente, e cujas origens não podemos determinar. Para o ateu, ele é o resultado de toda uma vivência em termos musicais, todo um conhecimento e compreensão de um passado e presente, um reflexo da experiência vivida. Para o crente, essa revelação vem de Deus. No entanto, há uma característica comum a ambos os casos, que é o facto que o ego do criador é de certa forma destruído por essa revelação, tendo de se submeter a ela. A natureza e essência dessa revelação é de certa forma efémera. Ela pode vir durante um sonho, um momento de angústia ou alegria, um momento de reflexão, etc., e pode consistir num som, um gesto musical, um timbre, uma frase, etc.. Partindo daí, o criador, tem que dar corpo a esse momento, construindo ao redor dele todo um complexo rectórico-musical, que justificam e fortalecem a sua essência. Visão é a terceira peça deste ciclo. Patmos, uma ópera (composta em 1990), é a primeira, Tessares, para orquestra (1991), é a segunda e A Cidade Eterna, música electroacústica (1988), é a sétima. Cada uma destas peças pretende abordar um aspecto da revelação. Patmos, que se baseia nos primeiros quatro capítulos do Livro de Apocalipse, refere a necessidade em termos de vivência espiritual dessa revelação. Tessares (em grego significa "quatro"), é baseada na visão das quatro criaturas ao redor do Trono de Deus, relatada no mesmo livro e refere-se, entre outras coisas, à universalidade da revelação. A Cidade Eterna, baseada nos últimos capítulos do livro refere-se à perfeição da revelação. Visão, que é baseada na profecia de Joel sobre a aproximação do fim do tempo, refere-se à intemporalidade da revelação. As restantes peças deste ciclo ainda não estão compostas. Visão, cuja tradução no original hebraico se relaciona com a palavra "Châzâh", e que significa antever, ver para além de..., profetizar, baseia-se num texto profético do profeta Joel. Esta profecia diz respeito não sómente à realização de um acontecimento futuro, mas também à continuidade desse acontecimento. Podemos antever aquilo que se vai realizar através da profecia, mas de igual forma o momento dessa realização não é único e inconsequente, mas faz parte de todo um processo teleológico. Daí o podermos falar que a revelação não está dependente do factor tempo. Uma Visão pode durar momentos curtos, mas encerrar em si um percurso muito longo. Por esse motivo a obra baseia-se em elementos que pretendem transmitir uma certa continuidade, aliada a uma reiteração de si mesmos, em momentos diferentes da obra. João Pedro Oliveira

Obra	Tipo	Data	Entidade/Evento	Local	Localidade	País	Intérpretes	Observações	Inv Row
Visão	Estreia	1992/May/09	16os Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea	Reitoria da Universidade de Lisboa - Aula Magna	Lisboa	Portugal	Mireille Capelle (soprano) Orquestra Gulbenkian Michel Swierczewski (direcção)	Observações
Visão	Execução	1998/Nov/17	Música em Novembro	Centro Cultural de Belém	Lisboa	Portugal	Orquestra Sinfónica Portuguesa Mireille Capelle (soprano) António Saiote (direcção)	Observações

Documentos
	Tipo (+ sub-tipo)	Título de capa/edição Título do documento	Autores documento	Referente a	Editora	Data
	Registo áudio	Visão,		visao João Pedro Oliveira