Data 2000/Apr/13
Intérpretes
Jorge Salgado Correia (flauta)
Entidade/Evento Festival Música Viva 2000
Local Instituto Franco-Português
Localidade Lisboa
País Portugal
Título do Poema ou Texto ["o dia hoje não amanheceu..."]
Letra o dia hoje não amanheceu
não se sabe se é Verão ou uma estação sem nome impenetrável
ainda não tinhas percebido aquilo que tocam as mãos
propósito de alguém,
de alguém e de mim
é assim que permaneces doçura
numa provocação
e o que mostrar?
sei apenas fazer nada
vais olhar para a câmara
o rosto foi abandonado
não disse o nome ... deves continuar a tentar
os teus olhos exploram da sua insignificância original
vistas por ninguém
mas acima de tudo
face a mim
na constante inocente
vais ter de tentar olhar indiferente
novamente
sono
não te mexas
olha para a câmara
filme da tua ausência
A ideia de escrever um ciclo de peças para instrumento solo não é original: Berio, por exemplo, escreveu as Sequenze. Foi só depois de escrever Solos II que decidi escrever este livro, que teria todos os anos uma obra nova, para instrumento solo. O Livro dos Solos (The Book of Solos) é a minha projecção no tempo, mostrando a evolução da minha linguagem musical. Até ao momento estão escritos seis solos.
Solos III foi escrita entre Junho e Agosto de 1999 e é a terceira peça deste ciclo.
Durante a concepção de Solos III surgiu-me um problema – o eu querer escrever para as 4 flautas (flautim, soprano, alto e baixo) mas ter um único instrumentista; o problema era saber como ia fazer as mudanças de instrumentos… Para resolver a situação decidi que Solos III devia ser uma peça com características teatrais. Esta decisão ajudou-me a criar a minha história – cada flauta representa uma mulher, e o flautista um homem indeciso que não sabe com qual das mulheres deve ficar. A flauta soprano acompanha-o sempre nesta “viagem”, representando a mulher com quem está.