Compositor, investigador, artista multimédia e docente/ coordenador do curso de Música Eletrónica e Produção Musical da ESART - Rui Dias está Em Foco no MIC.PT no mês de novembro.
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Categoria Musical Música Electroacústica sobre suporte
Instrumentação Sintética Electroacústica sobre Suporte
Meios Técnicos de Execução
Fita Magnética
Estreia
Data 1985/May/13
Intérpretes
Oficina Musical:
Cândido Lima (piano), Carlos Girão Voss (percussão)
Álvaro Salazar (direcção)
Entidade/Evento 9ºs Encontros Gulbenkian de Música Contemporânea
Local Fundação Calouste Gulbenkian - Grande Auditório
Localidade Lisboa
País Portugal
Observações
Happening
Notas Sobre a Obra
Não sei se um diálogo entre as cordas de um piano, um homem e meia dúzia de seixos tem sentido, e se têm sentido as estruturas mentais aliadas às estruturas clássicas que serviram de quadro formal àquele diálogo.
Se tem sentido isso tudo combinado com sons por computador e com sons electrónicos. São estes planos subdivididos ainda em vários níveis que eu quis abordar, na esteira do que é da nossa memória e do que é da memória das coisas. O que é mecânico e electrónico, o que é digital e numérico, o que é automático e o que é livre, o que determina a emoção e o imprevisível, o que é o acidental e o controlado, o que é programável por cada um de nós e o que é explorável por cada um dos outros, o ruído parasita "indesejável" aceite entre o ruído desejável.
Os instrumentos vivos (em número indeterminado) seguem, pela escrita e pelo improviso, os sons da máquina, opõem-se-lhes, afastam-se, aproximam-se, enfim, jogam o jogo como se tudo e nada existisse, como se tudo existisse nos seixos da areia, como se no interior dos seixos se reunissem as melodias de todos os lugares.
(Detritos e resíduos dos "Oceanos" (1978) depositaram-se na areia por entre os seixos, e os ruídos e os sons do vento incrustaram-se nas máquinas).
Autómatos (o homem, o sintetizador, o computador), da areia (o silêncio, os sons, o mar, os mitos, os símbolos), "galets" (seixos), os detritos ("déchets") dos oceanos. Estes materiais colhidos e definidos ao longo de alguns anos aguardavam o momento para se juntarem e se fundirem. Aconteceu com a Fundação Calouste Gulbenkian que encomendou a obra, com a Oficina Musical que aceitou a 1.ª audição no âmbito da sua programação. A parte de "Galets" (música autónoma), assim como várias fases de misturas foram realizadas nos estúdios da RDP/Norte em 1979 e em 1985. As misturas de tipo electroacústico foram ainda feitas no IRCAM. As fontes sonoras foram obtidas pelo sistema U.P.I.C. do CeMaMu (computador pela escrita), pelo "Music X" (IRCAM), no estúdio de música electroacústica da Universidade de Vincennes (um sintetizador VCS3), e seixos agindo sob múltiplas formas no interior do piano.
Licínio Oliveira, Licínio Fonseca (RDP/Norte), Marc Battier (Vincennes e IRCAM), Guy Médigue e Cornelia Collayer (CeMaMu) são algumas figuras que prestaram apoio técnico importante em várias fases desta e de outras minhas obras electroacústicas e por computador: Oceanos, A-mer-es, Toiles II-III-IV, Mare-a-mare, etc.
Cândido Lima
Encomenda
Data 1985
Entidade Fundação Calouste Gulbenkian - Serviço de Música