Um dia de Inverno vi uma lua cheia, enorme, e tentei fotografá-la. Quando olhei para a fotografia vi um ponto minúsculo. Ao questionar-me porque é que a lua aparecia tão grande no céu mas tão pequena na foto, levei-me a aprender coisas sobre a ilusão da lua, ilusão que faz com que a lua pareça maior quando está mais perto do horizonte do que quando está alta no céu. Esta ideia foi o ponto de partida para a minha peça mas, há medida que ia aprendendo mais sobre a lua, descobri que ela tem muitos outros mistérios.
Uma ideia que me interessou particularmente foi que a nossa lua perdeu algo durante a idade de Razão – ela fora a Lua (uma deusa solitária, Selene, Diana, Luna, a irmã do planeta Terra) e agora, depois de termos penetrado os seus mistérios, ela tornou-se somente uma rocha estéril, e o seu nome um padrão genérico. Mesmo as estrelas, quando se tornaram como o Sol, não se tornaram sois. O nome do nosso único satélite natural foi sendo apropriado para todos os satélites naturais e a lua perdeu o nome.
A outra inspiração foi a memória de ler, repetidamente, aos meus filhos o livro infantil do Eric Carle’s Papa, please get the moon for me (ISBN 0-88708-177-0)…
A mistura destas ideias criaram esta peça – quando a ilusão da lua acontece, e a lua nos parece maior no horizonte, talvez seja para nós a conseguirmos alcançar para lhe encontrar um nome… A tensão vai sendo mantida ao longo da peça à medida que a ideia de ilusão é desenvolvida, embora nunca seja resolvida, tal como a procura do nome perdido da lua.
Esta obra foi encomendada pelo DGARTES - Ministério da Cultura e a Universidade de Aveiro.
Sara Carvalho