Para assinalar o 60.º deste compositor, investigador e professor na ESML, cuja música se enquadra na vertente espectral - Carlos Marecos está Em Foco no MIC.PT em maio.
Ler mais
Título do documento Deploração sobre a Morte de Jorge Peixinho
Data de Composição· 1998/Apr/30
Núm. Catálogo Op. 15
Observações
Representou Portugal na Tribuna de Compositores da UNESCO (Paris, Junho 1999)
Andamentos / Partes
01 - Paisagem Onírica sem Anjos
02 - Manto para a Esposa de um Basileus Imaginário
03 - Deploração
04 - Manto para um Basileus Imaginário
05 - Paisagem Onírica com Anjos
Instrumentação Detalhada
Categoria Musical Orquestra
Instrumentação Sintética Orquestra
Estreia
Data 1998/Nov/01
Intérpretes
Orquestra Nacional do Porto
Mark Foster (direcção)
Local Igreja de São Domingos
Localidade Macau
País China
Notas Sobre a Obra
É uma obra que cumprimenta a memória do grande compositor e homem de cultura falecido em Junho de 1995, figura ímpar da inteligência novecentista e um dos maiores vultos da história da música portuguesa: Jorge Peixinho.Tive o privilégio de ser seu aluno e amigo. E, nessa dupla qualidade, pude fruir em plenitude a sua ciência e generosidade extraordinárias. Uma vez pude ouvir a Jorge Peixinho esta frase, no corolário de uma discussão
tautológica: "Nós não estamos a discutir o sexo dos anjos. Nós estamos a discutir o que a esposa de um Basileus imaginário discutiu com o Basileus imaginário acerca do sexo dos anjos bizantinos!" Quando acabou de percutir esta sentença sonora como um sino ficou suspenso em gesto anacrúzico, numa atitude que lhe era muito típica. E nós, alunos, ficámos de igual forma
suspensos em silêncio absoluto, olhando para ele, até que nos associámos numa gargalhada homérica. Como se pode observar, aquela frase contém os logismos que constituem os títulos dos vários andamentos:
1. Paisagem onírica sem anjos
2. Manto para a esposa de um Basileus imaginário
3. Deploração
4. Manto para um Basileus imaginário
5. Paisagem onírica com anjos
Mas também há uma explicação metafórica desses mesmos títulos na medida em que eles remetem para um universo de símbolos poéticos orientalizantes, bizantinos, digamos, e que têm uma qualquer afinidade com a própria essência da música por mim fabricada, como sejam as formas policromadas, os ladrilhos multicolores, as estruturas em mosaico, os historiados com figurações abstractas, as imagens estilizadas e hieráticas quais ícones de Bizâncio, e um húmus envolvente eivado de um lirismo
errante. Assim se sucedem os andamentos com um leque de expressão que varia desde o carácter mais enigmático do primeiro, ao carácter mais lírico do segundo, ao mais obsessivo do terceiro, ao carácter brutal do quarto e ao mais evanescente do quinto e último andamento, constituindo no seu conjunto uma espécie de políptico de saudade. A obra resulta de uma encomenda do Instituto Cultural de Macau, na pessoa do seu director artístico, João Pereira Bastos, para o XII Festival Internacional de Música
daquela cidade. Foi estreada no dia lXI.I998 na Igreja de São Domingos pela Orquestra Nacional de Porto sob a direcção de Mark Foster. A convite da U.E.R., representou esta peça Portugal na Tribuna Internacional de Composição da UNESCO em Paris, em Junho de 1999. Uma última consideração para referir que a Deploração é uma das raras experiências atonais da minha escrita. E, nesse sentido, é um desvio dramático da minha matriz tonal.
Apesar da sua atonalidade e consequente quebra de ressonância, a obra refulge no timbre, sendo o último andamentouma das páginas mais poéticas que achei. Ainda gosto da obra. Tenho-lhe aquele amor cego que um pai tem por um filho diferente.
Nota de Eurico Carrapatoso
Encomenda
Data 1998
Entidade XII Festival Internacional de Música de Macau
Localidade Macau
País China
Circulação
Obra
Tipo
Data
Entidade/Evento
Local
Localidade
País
Intérpretes
Observações
Inv Row
Deploração sobre a Morte de Jorge Peixinho
Estreia
1998/Nov/01
Igreja de São Domingos
Macau
China
Orquestra Nacional do Porto
Mark Foster (direcção)